A imigração italiana no Brasil
Olá pessoal!
Como em nosso blog falamos muito sobre a conquista da cidadania italiana por parte de quem tem algum descendente que veio da Itália, hoje vamos falar um pouco da história dessas pessoas que saíram de seu país natal em busca de um futuro melhor, enfrentaram as mais variadas adversidades e ainda deixaram uma marca profunda na cultura e na vida do brasileiro.
A história da imigração italiana no Brasil (e na América Latina em geral) é fascinante e extremamente interessante de ser conhecida, principalmente por nós, descendentes destes heróis italianos.
Entre 1884 e 1939 entraram no Brasil mais de 4 milhões de pessoas, sendo os italianos o grupo mais importante desses imigrantes. A primeira onda de imigrantes, prevalentemente de origem vêneta, se instalaram na região sul, em Santa Catarina. Os italianos que chegaram sucessivamente - predominantemente trabalhadores rurais – destinados ao trabalho braçal, tinham sua principal oportunidade de trabalho nas fazendas de café, pois, com o fim da escravidão, alguem teria que substituir o trabalho dos negros e isto infelizmente ou felizmente foi feito em sua maioria pelos italianos.
No final do século XIX, com a “imigração programada” pelo governo brasileiro tendo em vista o final da prática da escravidão, e também o desejo de “embranquecer” a população, a meta de grande parte dos agricultores e trabalhadores italianos foi o Brasil e, mais precisamente as grandes fazendas, nas quais se cultivava principalmente café e cana de açúcar. O trabalho era muito duro e muitas vezes relizado por um grupo familiar inteiro. O trabalho para os italianos, na época, era extremamente precário e pouco acolhedor.
Muitos italianos, por não acreditarem em uma alternativa viável, vista a grave crise econômica que enfrentava a Itália, depois de muitos anos em luta pela unificação, optaram por tentar a vida na América. A imigração foi muito grande no Brasil, graças a ajuda do governo brasileiro e também dos grandes fazendeiros que buscavam mão de obra barata, porém houve também grande fluxo de italianos para a Argentina, Uruguai e Estados Unidos.
Por ser branco e católico, o imigrante italiano era tratado de forma “melhor” se comparado aos negros escravos, porém isso não era uma grande vantagem, pois a vida dos italianos era qualitativamente pouquíssimo superior a dos escravos e ex escravos. Importante lembrar que mentalidade escravista de muitos proprietários de terra, e as más condições de trabalho dos imigrantes levaram o governo italiano a proibir a emigração dos italianos para o Brasil, através do Decreto Prinetti em 1902.
O principal portão de entrada dos imigrantes era o Porto de Santos e Gênova foi o principal porto de embarque dos italianos para o Brasil, tendo em vista que os primeiros grandes grupos a emigrarem eram da região do Vêneto.
O grande fluxo emigratório fez com que diversas companias de navegação fossem criadas. A sociedade de produtores de café de São Paulo, como forma de incentivo, subsidiava os bilhetes de embarque dos italianos que chegaram muitas vezes com a dívida da viagem a ser paga com o próprio trabalho.
A travessia do Oceano Atlântico tornava a viagem bastante penosa, e durava aproximadamente três meses. De fato, existem estórias sobre muitos casos de epidemias e ainda diversos acidentes, como o caso do naufrágio do “Sirio” em 04/06/1906, no qual morreram 219 pessoas.
Logo após a chegada, os imigrantes eram transportados de trem do porto até São Paulo e então eram transferidos provisoriamente para os albergues no centro da cidade, esperando para serem levados para as fazendas de café de todo o Estado.
Nossos antenatos aprenderam a conviver com os sentimentos de melancolia e nostalgia que o atormentavam sem trégua. Permaneceram no Brasil somente por uma questão de necessidade econômica, pensando continuamente em quando poderiam retornar pra casa, ver novamente os seus familiares, retomar seus hábitos, experimentar seus sabores e sentir o cheiro de sua terra natal.
A decisão de emigrar raramente era fruto de uma escolha livre; cada um dos imigrantes italianos enfrentava as dificuldades da longa viagem para as terras brasileiras com a esperança de uma vida melhor e quem sabe, voltar o mais rápido possivel. No entanto, com o passar dos anos, as coisas começaram a mudar: o italiano começou a se adptar a um novo contexto social, aprendeu também a conviver com a diversidade de costumes e, o mais importante, assimilou a língua e os hábitos de vida brasileiros e, ainda que sentisse falta da sua terra natal, não vivia mais em uma condição negativa de imigrante, pelo contrário, se empenhava para melhorar e desenvolver sua condição de vida no Brasil sem, obviamente, esquecer suas raízes.
A IMIGRAÇÃO EM SÃO PAULO
Os italianos chegam à São Paulo no início do século XX, vindos majoritariamente da Itália Meridional – San Giovanni in Fiore, Cosenza, Potenza, Salerno, etc – e eram, como de costume, quase todos trabalhadores rurais.
Foi importante para estes imigrantes recém chegados o apoio recebido através das relações com os conterrâneos No rápido crescimento de cidades como a de São Paulo, os italianos foram extremamente importantes e certamente protagonistas.
Aqueles mais empreendedores abandonaram os campos e o sonho de se tornarem pequenos proprietários de terra e se aventuraram no setor de serviços e no comércio, contribuindo notavelmente ao rápido desenvolvimento das cidades brasileiras.
Podemos citar os nomes de italianos mais famosos que fizeram fortura no Brasil e no Estado de Sao Paulo, como Francesco Matarazzo e Giuseppe Martinelli.
Brás, Bexiga, Barra Funda, Bom Retiro, são alguns dos bairros completamente italianos nos quais os imigrantes estreitavam as relações entre conterrâneos, conservavam a sua cultura e ainda testemunhavam as diversas festividades dos Santos Protetores de seu país de origem. Esses bairros, inclusive, ainda hoje conservam uma forte cultura italiana, com seus restaurantes, cantinas e locais típicos do país europeu.
A IMIGRAÇÃO ITALIANA NO SUL DO BRASIL
O principal ponto de entrada dos italianos era Santos o que fez com que São Paulo se transformasse numa cidade, até nos dias de hoje, muito italianizada, porém, foi no sul do Brasil onde nossos antenados fincaram suas raízes majoritariamente e fizeram com que a sua cultura continuasse a viver, cada vez mais forte.
Foi nos estados do Sul que a imigração, principalmente vêneta, teve grande influência, criando o que inicialmente era vilas e depois se transformaram em importantes cidades.
Nestes locais onde as famílias italianas viviam, inicialmente chamadas de “núcleo colonial” se dava o ponto de partida para a criação de cidades que eram e ainda hoje são, um pedacinho da Itália no brasil. Os imigrantes muitas vezes tentavam recriar a arquitetura de suas cidades natais inclusive dando o nome delas próprias. Temos como exemplo Nova Veneza, Nova Trento em Santa Catarina, entre outras.
Ainda no sul os italianos encontraram um clima mais simila ao da Itália, podendo inclusive investir na plantação da uva e fabricação do vinho, arte que eles conheciam como ninguém!
A imigração no sul do Brasil contribuiu de forma crucial para o desenvolvimento da região, pois os italianos criaram não somente as cidades mas também as empresas e desenvolveram sua cultura e sua arte.
A língua também continuou a ser cultivada pelos italianos, mas, o mais interessante é que no Brasil nasceu uma nova língua, que inclusive é oficial em alguns municipios do Rio Grande do Sul e reconhecida como patrimônio da cultura brasileira. Essa lingua é o Talian, que nasceu da mistura entre o português e o dialeto falado na região do Vêneto. Estima-se que hoje no Brasil existam pelo menos 500 mil pessoas fluentes em talian, e na região sul incontáveis programas de tv, rádio e jornais são realizados nesta língua.
A imigração italiana também deixou marcas nos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, porém, em nenhuma região ela foi tão significativa como no Sul.
Em todo o Brasil estima-se que 35 milhões de pessoas têm algum tipo de descendência italiana; número que demonstra o quão grande foi o papel dos imigrantes italianos em nosso país! Estes imigrantes fizeram com que nascesse um laço fraterno entre dois países geograficamente tão distantes, mas que, graças a eles, se aproximaram através do afeto e da cultura.
Bem, amigos...é isso! Espero que tenham aproveitado este post para se sentirem um pouquinho mais próximos a história de seus familiares italianos!
Arrivederci!